“Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito” (Nm 11, 29).

29/09/2012 16:51

 

Planaltina, 30 de setembro de 2012

XXVI Domingo do tempo comum

Leituras: Nm 11, 25-29/ Sl 18 (19)/ Tg 5, 1-6

Evangelho: Mc 9, 38-43.45.47-48

Dia da Bíblia

 

Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito” (Nm 11, 29).

 

            O povo de Deus da nova aliança é um povo profético, régio e sacerdotal. O que significa que cada discípulo do Senhor deve profetizar Jesus Cristo ao mundo com a vida antes que com palavras. Bem se aplica aos nossos dias a fala de Moisés “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito” (Nm 11, 29). Na realidade todo povo cristão, em virtude do batismo, é um povo profético. Mas o grande questionamento que se levanta em nossos dias é se este povo está vivendo esse profetismo?

            Sabemos muito bem que os dons e carismas com os quais Deus cumula sua Igreja não são privilégios de uns poucos. Pois os carismas são sempre dados a alguém para que possa coloca-los à serviço de sua comunidade. Neste aspecto podemos dizer que em nossos dias vivemos dois tipos de anomalias à respeito dos dons e carismas. Há um pequeno número de crentes que considera o seu carisma como um patrimônio pessoal, é há, por outro lado, um grande número de crentes que sequer sabem se tem algum carisma para colocar à serviço da edificação de sua comunidade.

            Aos que já descobriram seu carisma na Igreja devem coloca-los à serviço dos irmãos para que estes também descubram os dons que lhes foram dados. Aos que estão adormecidos, que pensam não possuir nenhum dom, o Senhor os convida a descobrir qual carisma lhe foi dado para que ponha à serviço de sua comunidade. Quando um cristão não põe o seu carisma à serviço da Igreja permanece como galho seco que não produz fruto. E o lugar de galho seco é no fogo (cf. Jo 15, 6).

            E para que cada um viva a dimensão profética do seu batismo de modo frutuoso, precisa se alimentar constantemente do pão da Palavra e da Eucaristia. Se alguém julga ter um carisma e não o nutre com estes dois alimentos há que se desconfiar da veracidade deste dom. É na assembleia do povo Deus reunido e convocado pela Palavra que os carismas são suscitados, nutridos e vividos. Portanto, sem comunhão com a Igreja não há verdadeiro carisma, porque todo carisma deve estar à serviço da comunhão.

            Quem julga ter grandes carismas, mas para vivê-los isola-se do todo, trata-se na verdade de um monopólio indevido, não de verdadeiro carisma. Pois o carisma é dado para servir aos outros, não para a promoção de quem os recebe. A Sagrada Escritura está repleta de exemplos de homens e mulheres carismáticos que à custa de grandes sacrifícios e incompreensões foram fiéis aos seus carismas e tornaram-se fonte de verdadeira edificação para seu povo.

            Por fim, a Igreja precisa de um povo que viva o seu profetismo, que não tenha medo de anunciar Jesus Cristo ao mundo. Que não considere a obrigação do anúncio uma responsabilidade de poucos dentro da Igreja, mas de todos aqueles que a Ela pertencem. Por isso, cada católico deve empenhar-se para ter intimidade com Palavra, para que possa dela se nutrir e alimentar os seus irmãos.

 

 

 

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos.