É obedecendo e confiando em Deus que seremos salvos
Planaltina, 10 de maio de 2012
X Domingo do Tempo comum: Ano B
Leituras: Gn 3, 9-15/Sl 129 (130)/ ICor 4, 13-5,1
Evangelho: Mc 3, 20-35
É obedecendo e confiando em Deus que seremos salvos
Deus criou o homem para uma amizade harmoniosa com seu criador. O criou em estado de justiça e santidade original. No princípio esta relação entre Criador e criatura era marcada pela confiança. Pois Deus não criou o homem como escravo para viver no medo (cf. ICor). Esta relação de confiança só foi abalada pelo pecado. Pois o pecado em si é uma desobediência e uma desconfiança para com o Criador. Porém, Jesus Cristo com sua obediência e confiança total no Pai restabeleceu novamente o laço de amizade que tinhamos perdido em Adão.
O homem em estado de pecado entra na desconfiança para com Deus. Quando ouve a voz do Criador já não tem mais coragem de aproximar-se Dele antes foge: “Ouvi tua voz no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi” (Gn 3, 10). Neste estado o homem fica reduzido a um fugitivo errante. Tudo o que diz respeito a Deus ou que faz referência a Ele o homem vai eliminando da sua vida.
E na medida em que perde a confiança em Deus a criatura, vai perdendo a confiança em si mesma e nos seus semelhantes. Então o homem passa do medo à acusação do próximo: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi” (Gn 3, 13). Para não assumir sua própria miséria Adão acusa Eva de ser responsável por sua queda. Este mesmo Adão acusador está dentro de cada ser humano. Quantos põem a culpa de suas misérias e pecados na esposa, no esposo, no pai, na mãe, no filho, no vizinho, no colega de trabalho, na instituição a qual pertence, no sistema político, colocando-se de lado como se não fosse responsável por nada na vida. Considerando-se como santo, vítima da maquinação dos outros.
Em pouco tempo a acusação transforma-se em fuga da responsabilidade. Afastado de Deus pela desobediência e pela desconfiança o homem começa elaborar argumentos que justifiquem a sua irresponsabilidade diante de Deus, da vida, dos outros e de si mesmo. Mas Deus não abandonou o homem neste estado de miséria e abandono. Para trazer novamente o homem ao conforto de sua amizade enviou-nos o seu Filho Jesus Cristo Obediente até as últimas consequências: “E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz."(Fl 2,8).
Por fim, Jesus Cristo por sua confiança e obediência ao Pai, arruinou-se exteriormente a fim de nos renovar interiormente, para sermos capazes de ter confiança em Deus e obedecê-Lo. E a obediência é o sinal concreto de que pertencemos à família de Deus: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 35). Portanto, por mais que o mundo esteja invadido por ideologias que querem lançar o ser humano na desconfiança para com Deus, a fé nos assegura que o nosso único porto seguro é Ele, pois todo este mundo visível passará, está passando. Só Deus basta e não passa.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos