“Muitas são as vocações, mas uma só fé, um só batismo e um só Senhor”
Planaltina, 29 de julho de 2012
XVII Domingo tempo comum
Leituras: IIRs 4, 42-44/Sl 144 (145)/Ef 4, 1-6
Evangelho: Jo 6, 1-15
“Muitas são as vocações, mas uma só fé, um só batismo e um só Senhor”
A vida é um caminho que somos chamados a percorrer. E para percorrê-lo bem é importante saber onde queremos chegar. Para não nos deixar titubeando na escuridão Jesus suscita em seus discípulos, mediante a ação do seu Espírito, vocações para a edificação do seu corpo que é a Igreja. E cada vocação implica num modo próprio de viver, porém, tendo como fundamento a mesma fé, o mesmo batismo e o mesmo Deus. Assim, uns são chamados ao sacerdócio, outros ao matrimônio, outros à vida religiosa e outros à vida consagrada.
Quando alguém não faz ou não procura fazer um reto discernimento da vocação à qual foi chamado torna-se um caminhante desorientado, trôpego. Por isso precisamos viver bem a própria vocação, com humildade e mansidão, a fim de que a minha vida possa edificar o corpo de Cristo – a Igreja.
Se um cristão vive bem sua vocação ele torna-se um suporte para seus irmãos, para sua comunidade. Assim, o padre que vive bem sua vocação edifica e dá suporte à comunidade que lhe foi confiada; o jovem que vive santamente sua condição de solteiro edifica e dá suporte aos outros jovens; o pai e a mãe de família que vivem bem a sua vocação edificam e dão suporte à sua família; a religiosa vivendo plenamente sua vocação edifica e dá suporte à Igreja, corpo místico de Jesus Cristo.
As realidades que dão coesão, que sustentam a comunhão neste corpo são: o batismo, o mesmo Senhor, a mesma fé e a Eucaristia que o nutre espiritualmente. Eucaristia já prefigurada por Jesus ao realizar o milagre que alimenta uma multidão de famintos no meio do deserto multiplicando “cinco pães de cevada e dois peixes” (Jo 6, 9).
O pão de cevada era o alimento próprio dos pobres no oriente antigo. O que é a Eucaristia para nós? Se não o alimento dos pobres que estão atravessando o deserto da vida. Portanto, em cada Eucaristia novamente estamos diante de um milagre. O milagre da multiplicação do pão espiritual, um pão que não pode ser comprado, mas nos é doado com infinito amor por Jesus Cristo. “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um” (Jo 6, 7)
Com este milagre Jesus queR conduzir o seus discípulos à servir na gratuidade para edificação do seu corpo – a Igreja. Pois quando se trata das realidades mais essenciais da fé, estamos falando de tesouros que não podem ser comprados nem vendidos. Há muitos na Igreja que pensam estar pagando por um batismo, por um matrimônio, ou por algum outro sacramento. Ora, esses são tesouros que dinheiro algum pode comprar. Se, na prática, quando alguém procura a Igreja para receber algum sacramento se lhe pede uma taxa de contribuição. Isto se deve à falta de comprometimento dos fiéis com a devolução do seu dízimo, realidade necessária para que a Igreja mantenha suas atividades de evangelização. Porém, não se trata jamais de vender o sacramento.
Por fim, tesouros que veem do céu não podem ser comprados “de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10, 8). Que apoiados em Jesus Cristo, nutridos por Ele, sustentados por Ele, nos disponhamos a suportar uns aos outros dentro da comunidade. Suportar não no sentido de tolerar, mas de dar suporte, dar apoio, sobretudo aos irmãos mais fracos na fé.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos.