"A Igreja acompanha a família cristã no seu caminho" (FC 65)
A Igreja acompanha a família cristã no seu caminho (FC 65)
Quando dois jovens cristãos decidem se casar um dos primeiros passos que tomam é procurar a Igreja para dar entrada nos procedimentos documentais, entrevista, curso de noivos, confissão. Isto é algo muito positivo. Porém, há uma realidade preocupante, depois que recebem o sacramento do matrimônio desaparecem da igreja, parece que esquecem o caminho da Igreja depois que se casam. “A Igreja acompanha a família...” mas é preciso que a família queira acompanhar a Igreja.
Dada as dimensões das nossas comunidades paroquiais, quase sempre o padre não consegue cumprir sua obrigação pastoral e canônica de visitar todas as famílias de sua comunidade ao menos uma vez a cada ano. Um dos caminhos possíveis para que esta deficiência seja amenizada, é a agregação das famílias cristãs nos movimentos e pastorais da comunidade, bem como a assiduidade das mesmas nas celebrações eucarísticas e outras.
Um casal que acha poder manter sua família longe de Deus está enganando a si mesma. Portanto, um casal cristão dever procurar com assiduidade a confissão, a direção espiritual, a Eucaristia. Pois o matrimônio é uma vocação, e toda vocação para se sustentar precisa ser cuidada e confirmada a cada dia. E o matrimônio tem uma dimensão espiritual que precisa ser alimentada. Quando isto não acontece a família fica a beira da ruína.
Por isso vos digo, não deixe o vosso matrimônio entrar em ruína para depois procurar a Igreja, procurara o padre. Muitos casais deixam para procurar o padre quando já estão em vias de separação, nesta circunstância fica muito mais difícil encontrar um caminho de reconciliação. Quantos esposos e esposas que se confessaram pela última vez no dia que se casaram, que vieram a igreja no dia que se casaram. Assim, temos que afirmar a Igreja acompanha as famílias, porém as famílias devem também acompanhar a Igreja, estar na Igreja, caminhar com a Igreja.
“Como uma realidade vivente, também a família é chamada a desenvolver-se e crescer. Depois da preparação do noivado e da celebração sacramental do matrimônio, o casal inicia o caminho diário para a progressiva atuação dos valores e dos deveres do próprio matrimônio” (Familiaris consortio). Se a família não cresce não chega a desenvolver seu potencial de educadora para a fé, para vida e para os valores cristãos. Pelo contrário, o que temos visto são casais fazendo um caminho de regresso, ao invés amadurecerem com o passar do tempo, tem se infantilizado. Um casal de dez, quinze, vinte anos ou mais, não pode estar estacionado no mesmo nível de maturidade de um casal recém-casado. O tempo deve maturar não infantilizar a vida do casal.
Como família vocês podem se perguntar o que a Igreja tem a oferecer à vossa vida? Para as famílias como para todo ser humano “a Igreja terá uma palavra de verdade, de bondade, de compreensão, de esperança, de participação viva nas suas dificuldades por vezes dramáticas; a todas oferecerá ajuda desinteressada a fim de que possam aproximar-se do modelo de família, que o Criador quis desde o ‘princípio’ e que Cristo renovou com a graça redentora” (Familiaris consortio). Em suma, o que a Igreja tem a oferecer às famílias cristãs é graça restauradora de Jesus Cristo.
Pode ser que agora sua família não tenha ainda atingido o ideal de família cristã. Não se esqueça vossa família está a caminho. E neste caminha ela deve cada vez mais aproximar do grandioso modelo da Sagrada Família de Nazaré, cuja centralidade é Jesus Cristo. Quando Jesus Cristo estiver no centro de vossa família ela será restaurada à partir de dentro.
Famílias evangelizadas acompanham a Igreja e são acompanhadas pela Igreja, tornam foca evangelizadora de outras famílias. Um mundo sem famílias evangelizadas é um mundo muito difícil para se viver. Por isso é preciso evangelizar as famílias. Não meça esforços para evangelizar a sua família, e para viver a virtudes próprias de sua vocação matrimonial.
Por fim, um casal cristã vive bem sua vocação ocupando-se um do outro, cuidando e educando os filhos, na oração em comum, na partilha da Palavra, na vivência de uma sexualidade equilibrada, na prática mútua do perdão, com uma vida sacramental assídua, procurando aprofundar a sua fé. Estes são os sinais que indicam que uma é de fato evangelizada. A família não cresce quando se reúne apenas entorno da televisão; se tem desentendimentos procura resolvê-los contando para o vizinho; quando dialogam falam apenas à respeito de coisas, mas nunca falam de si mesmos; o único caminho que conhecem é o do mercado, da loja, do shopping, do clube, da chácara, enquanto o caminho da igreja é somente para certas ocasiões da vida.
Planaltina, 20 de maio de 2012
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos